O que é Educação - Uma análise
“Mestre não é quem ensina, mas quem de repente aprende”
(João Guimarães Rosa – Grande Sertão Veredas)
“Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com um ou com várias: educação? Educações.”
É assim que Carlos Rodrigues Brandão abre o livro “O que é Educação”.
O autor, Marxista, fiel ao humanismo, preocupava-se em defender uma educação igualitária, baseada nos pilares da igual distribuição de chances.
O primeiro capítulo trata da educação sob a ótica da sociedade em que está inserida. Traz o exemplo da Carta do Índio:
“ Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e
agradecemos de todo coração
Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações, têm concepções diferentes das coisas, e sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa.
...Muitos de nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas quando eles voltaram para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida na floresta e incapazes de suportar o frio e a fome.
Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal.
Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos com a vossa oferta, e embora não possamos aceitá-la, para mostrar nossa gratidão, oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles homens."
Trata-se de uma demonstração das educações que acontecem todo o tempo, em todo lugar, sob todos os aspectos possíveis de modo a ser verdadeiramente livre e que ao mesmo tempo reproduzem o modo de vida social e cultural da comunidade.
A educação se comporta de maneira a obter um fim diferente em cada grupo. Há a educação para dominar e a educação que serve para o dominado.
O autor buscar definir o que são as educações, quais os seus pontos principais e as diferenças que existem em todos os lugares, entre todos os grupos e as diferenças que ocorrem quando a educação se constitui de ferramenta discriminatória, servindo para deseducar e não servindo ao propósito inicial, demonstrando a fragilidade do educador.
O capítulo seguinte “Quando a escola é a Aldeia” demonstra a educação que não se concretiza apenas dentro de um ambiente de sala de aula, mas, muito ao contrário disso. A educação se dá desde a antiguidade, desde as comunidades mais remotas. Afinal, a educação serve para continuarmos a guiar as descobertas e, na “cultura primitiva” esse conceito já era utilizado: Os mais novos já aprendiam com base na observação, a melhor maneira de conseguir alimento, abrigo e o uso do fogo.
Para ilustrar, o autor detalha a educação que acontece numa tribo:
“Nas aldeias tribais mais simples, todas as relações entre criança e a natureza, guiadas de mais longe ou mais perto pela presença de adultos conhecedores são situações de aprendizagem. A criança vê, entende, imita e aprende com a sabedoria que existe no próprio gesto de fazer a coisa.”
Jessiely Soares é Graduanda em Letras com habilitação em Língua Inglesa e Língua Portuguesa, pela Universidade Estadual da Paraiba, além de professora de Língua Inglesa na Rede Municipal de Educação e de Ensino Infantil na Rede Particular de Ensino